REDAÇÃO
– 3º ANO ENS. MÉDIO.
ENEM 2013
DISSERTAÇÃO
ARGUMENTATIVA
PROFESSOR
ALESSANDRO SOARES
Dissertação Expositiva: o autor somente informa o
leitor sobre determinado tema, sem o propósito de convencimento, não é
importante obter adesões ao seu ponto de vista.
Exemplo:
Quando a
democracia surgiu na Grécia, por volta de 500 a.C., os atenienses fizeram
questão de traçar uma linha nítida entre as esferas públicas e privadas. O
poder do estado terminava onde começava a privacidade do lar. No âmbito
doméstico, reinava a vontade do patriarca que tinha o poder de determinar os
direitos e deveres de seus filhos, mulher e escravos. Para os gregos não havia
atividade mais apaixonante e gloriosa do que participar da condução da polis. A
política era a maneira civilizada de decidir os destinos da nação
por meio do diálogo e da persuasão. O cidadão revelava sua grandeza de espírito
e sua importância para a comunidade no debate de idéias, na defesa de
proposições e nas vitórias no âmbito público. Um homem que levasse uma vida
exclusivamente privada não passava de um insignificante animal doméstico,
incapaz de participar da elaboração das decisões políticas que afetavam os
destinos da nação.
O parágrafo
acima que acabamos de ler é um exemplo típico da exposição que tem por objetivo
informar o leitor sobre um aspecto específico importante para o desenvolvimento
textual. Nota-se que o autor recupera informações de natureza
histórica sobre a relação entre as esferas pública e privada
na democracia grega de 500 a.C. Faz isso porque pretende discutir
como é feita essa mesma relação, na democracia moderna.
Dissertação Argumentativa: O texto dissertativo-argumentativo é um
texto opinativo que se organiza na defesa
de um ponto de vista sobre determinado assunto. Nele, a opinião é fundamentada
com explicações e argumentos, para formar a opinião do leitor ou ouvinte,
tentando convencê-lo de que a ideia defendida está correta. É preciso,
portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque se utiliza de explicações para justificá-la.
Seu objetivo é, em última análise, convencer ou tentar convencer o
leitor mediante a apresentação de razões, em face da evidência de provas e à
luz de um raciocínio coerente e consistente.
A sua redação atenderá às exigências de elaboração de um texto
dissertativo-argumentativo se combinar dois princípios de estruturação:
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I – apresentar uma tese, desenvolver justificativas para
comprovar essa tese e uma conclusão
que dê um fecho à discussão elaborada
no texto, compondo o processo argumentativo.
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TESE – É a ideia que você vai
defender no seu texto. Ela
deve estar relacionada ao tema e deve estar apoiada em
argumentos ao longo da redação.
ARGUMENTO – É a justificativa
utilizada por você para
convencer o leitor a concordar com a tese defendida.
Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese defendida.
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos
utilizados para desenvolver os argumentos, de modo a convencer o leitor:
⦿
exemplos;
⦿ dados
estatísticos;
⦿ pesquisas;
⦿ fatos
comprováveis;
⦿citações
ou depoimentos de pessoas especializadas
no assunto;
⦿ alusões
históricas; e
⦿comparações
entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos
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II – utilizar estratégias argumentativas para expor o problema
discutido no texto e detalhar os argumentos utilizados.
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É bom lembrar que, na prova de redação do ENEM, além de você ter que
defender uma tese, deverá apresentar uma proposta de intervenção, isto é, uma
conclusão na qual será proposta uma solução para o tema polêmico apresentado. Eis
um exemplo:
Meio-ambiente
e tecnologia: não há contraste, há solução
Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambiental,
fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobrevivência
humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quando analisados, são
equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.
O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a se
pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao
progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsáveis pelo
prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, problemas ambientais
que afetam a população.
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar os
ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de continuidade das
espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente nós, humanos. As
pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos considerá-las
parceiras na busca por soluções a essa problemática.
O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os
transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnológica
precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que
em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não existe contraste
algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se transformar na
salvação do mundo.
Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral precisam
agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a combater os
resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada melhor do que a
ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a “ferida” que tomou
conta do nosso Planeta Azul.
Nesse
modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textual dissertativa assim
organizada:
1º
parágrafo: Introdução com apresentação da tese a ser defendida;
Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambiental,
fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobrevivência
humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quando analisados, são
equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.
2º
parágrafo: Há o desenvolvimento da tese com fundamentos argumentativos;
O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a se
pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao
progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsáveis pelo
prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, problemas ambientais
que afetam a população.
Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos
contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar os
ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de continuidade das
espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente nós, humanos. As
pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos considerá-las
parceiras na busca por soluções a essa problemática.
3º
parágrafo: A conclusão é desenvolvida com uma proposta de intervenção
relacionada à tese.
O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os
transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnológica
precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que
em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não existe contraste
algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se transformar na
salvação do mundo.
Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral precisam
agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a combater os
resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada melhor do que a
ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a “ferida” que tomou
conta do nosso Planeta Azul.
RESUMINDO, a estrutura da dissertação apresenta as seguintes partes:
TÍTULO:
não confunda com TEMA nunca! Título
é a delimitação do tema, é mais específico. TEMA é o assunto. No texto acima, o título é “Meio-ambiente
e tecnologia: não há contraste, há solução”, enquanto o tema é meio-ambiente.
Muitos apressados acabam usando o tema da redação como título, não faça isso!
·
INTRODUÇÃO: apresenta-se
a ideia ou o ponto de vista que será defendido (O IDEAL É QUE SEJA FEITA EM UM
ÚNICO PARÁGRAFO, ASSIM COMO A CONCLUSÃO).
·
DESENVOLVIMENTO
OU ARGUMENTAÇÃO: desenvolve-se o ponto de vista (para convencer o leitor, é preciso
usar uma sólida argumentação, citar exemplos, recorrer a opiniões de
especialistas, fornecer dados, etc);
·
CONCLUSÃO OU
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: dá-se um fecho coerente com o desenvolvimento,
com os argumentos apresentados, bem como uma possível solução para o problema
em análise.
AGORA É A SUA VEZ! ESCREVA UMA
DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA SOBRE O TEMA:
Deve-se reduzir a maioridade penal no Brasil?
Toda vez que um crime cometido por um menor de idade ganha
evidência na mídia, cria-se uma comoção nacional e a polêmica envolvendo a
maioridade penal vem à tona. Isso ocorreu recentemente, após um jovem prestes a
completar 18 anos ter assassinado um universitário por causa de um celular, no
início de abril, em São Paulo. Pesquisa Datafolha, uma semana depois do fato,
revelou que 93% dos paulistanos eram favoráveis à redução da maioridade penal,
uma vez que, no Brasil, os menores de 18 anos não respondem criminalmente por
seus atos. Dezesseis anos é a idade mais cogitada para marcar esse limite. A
principal alegação apresentada na defesa dessa mudança é o precoce
amadurecimento do jovem, que hoje tem fácil acesso a informações e
discernimento suficiente inclusive para votar. No entanto, os opositores dessa
mudança alegam que outros casos surgirão com jovens (ou até crianças) com
idades inferiores a essa, uma vez que as causas do problema não estariam sendo
combatidas. Queremos saber qual é a sua opinião sobre esse assunto.
Deve-se alterar a maioridade penal no Brasil?
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93% a favor da redução
Pesquisa Datafolha mostra que 93%
dos moradores da capital paulista concordam com a diminuição da idade em
que uma pessoa deve responder criminalmente por seus atos. Outros 6% são
contra, e 1% não soube responder.
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Em
consultas anteriores, em 2003 e 2006, a aprovação à medida pelos moradores
da cidade foi de 83% e 88%, respectivamente -a margem de erro era de dois
pontos.
Sobre
a idade a partir da qual um adolescente deveria passar a ser
responsabilizado criminalmente, parte dos entrevistados, em respostas
espontâneas (sem haver opções no questionário), defende que menores de 16
anos sejam enquadrados.
Um
levantamento da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da
República em 53 países aponta que 42 adotam a maioridade penal a partir
dos 18 anos.
Entre os que responsabilizam mais jovens estão os EUA -a partir dos 12 anos, dependendo do Estado.
O debate sobre a
alteração na legislação voltou à tona depois do assassinato do
universitário Victor Hugo Deppman, 19, mesmo sem ter reagido a um roubo de
celular no último dia 9 em São Paulo.
O suspeito pelo crime
é um jovem que estava a três dias de fazer 18 anos. Ele foi detido e
levado para a Fundação Casa (antiga Febem).
Na avaliação de
Paulino, a alta aprovação à redução da maioridade penal está dentro do
contexto de violência praticada por um adolescente.
O levantamento feito
em 2003 também foi realizado pouco tempo depois da morte de um casal de
namorados (Liana Friedenbach, 16, e Felipe Caffé, 19) por um jovem que na
época tinha 16 anos - conhecido como Champinha.
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OAB:
redução não resolve
Brasília – O assassinato, na semana
passada, do estudante Victor Hugo Deppman, de 19 anos, com um tiro disparado
por um adolescente de 17 anos, em São Paulo, trouxe de volta ao debate a
redução da maioridade penal, tema controverso sobre o qual a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) sempre se posicionou contrariamente. Segundo o presidente
nacional da entidade, Marcus Vinicius Furtado, a criminalidade envolvendo
crianças e adolescentes requer atenção especial das autoridades e de toda a
sociedade, mas não se deve deixar que a comoção leve a caminhos que não irão
resolver o problema, mas apenas agravá-lo.
“Seria um retrocesso para o país, além
de transformar o menino num delinquente sujeito à crueldade das prisões”,
afirmou. “É a negação de tudo que podemos imaginar para o futuro”. Para Marcus
Vinicius, a criminalidade e a violência entre os jovens precisam ser
enfrentados a partir de um trabalho social muito forte. “Um pouco de dignidade
já resolveria muita coisa”, disse, lembrando a falta de perspectiva que leva
muitos adolescentes a buscar o caminho das drogas e da criminalidade.
Observações:
Seu
texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
Deve
ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;
Não
deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
A
redação deve ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas escritas;
Não
deixe de dar um titulo à sua redação.
Faça
um rascunho antes de entregar na FOLHA DE REDAÇÂO !


Jaana Palojärvi é diretora do Ministério da Educação
Jaana Palojärvi, diretora do Ministério da Educação da Finlândia, apresenta o sistema finlandês em São Paulo (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)





